segunda-feira


UNIDADE - 1 da TP 1 ---- Variação lingüística



A diversidade cultural, social e histórica advindas da ação do homem, que como ser pensante, constrói e reconstrói, de acordo com suas necessidades, a sua própria história, geram a linguagem, assim como suas renovações, alterações e seus significados, que ao ser firmada, possibilita ao homem, situar-se no grupo em que vive, utilizando-se de variadas formas de falar, para comunicar-se com seus pares.

A Língua Portuguesa, sobretudo no Brasil, é dotada de uma variação sem tamanho, uma vez que a língua é um fato social e o falante, portanto, tem autonomia no uso da língua. A variação lingüística do português brasileiro deve-se a uma porção de fatores externos à língua, como: a classe social e cultura, a região, a época, a idade, o sexo entre outros, formando uma enorme diversidade nacional. O individuo apresenta essas características no uso da língua, de forma natural, segundo sua experiência e cultura e, ainda, segundo o meio no qual está inserido.
É inegável as diferenças que existem dentro de uma mesma comunidade de fala. A partir de um ponto qualquer vão se assinalando diferenças à medida que se avança no espaço geográfico. Da mesma forma se constata diferenças dentro de uma mesma área geográfica, resultantes das diferenças sociológicas tais como educação do indivíduo, profissão, grupos com os quais convive, enfim, sua identidade. Tudo isso pode interferir e operar como modelador à fala de alguém uma vez que variam no espaço (variação diatópica), no tempo (variação diacrônica) e no indivíduo.
“a mesma em todo o seu domínio e, ainda num só local, apresenta um sem-número de diferenciações. (...) Mas essas variedades de ordem geográfica, de ordem social e até individual, pois cada um procura utilizar o sistema idiomático da forma que melhor lhe exprime o gosto e o pensamento, não prejudicam a unidade superior da língua, nem a consciência que têm os que a falam diversamente de se servirem de um mesmo instrumento de comunicação, de manifestação e de emoção."
(Celso Cunha, em Uma política do idioma)



Segundo CAMACHO (1988) existem múltiplos fatores originando as variações, as quais recebem diferentes denominações. Como:

• Dialetos – variações faladas por comunidades geograficamente definidas.

• Socioletos – variações faladas por comunidades socialmente definidas. É a linguagem padrão estandardizada em função da comunicação pública e da educação.

• Idioletos – é uma variação particular, isto é, o vocabulário especializado e/ou a gramática de certas atividades ou profissões.
• Etnoletos – variação para um grupo étnico.

• Ecoletos – um idioleto adotado por uma casa.

A língua é, então, um feixe de variedades, isto é, um conjunto heterogêneo de modos de falar, associados aos diferentes grupos sociais que formam uma comunidade lingüística. Do modo de vista estritamente lingüístico, todos esses modos de falar, todas essas variedades, atendem perfeitamente às necessidades de comunicação e interação de seus falantes. (Alfabetização e Linguagem, Fascículo 5, pág. 12 a 14).


Apesar de ser um fenômeno natural e comum as diversas línguas, muitas dessas variedades lingüísticas, especialmente as de menor prestigio social, são alvo de preconceito. Isso se deve, sobretudo, ao valor social atribuído aos diferentes modos de falar. “Uma variedade lingüística “vale” o que “valem” na sociedade os seus falantes, isto e, vale como reflexo do poder e a autoridade que eles t”em nas relações econômicas e sociais”. (Alfabetização e Linguagem, Fascículo 5, pág. 12 a 14).

A escola deve, portanto, cuidar para que não reproduza também, em seu interior, esse tipo de preconceito. Deve assumir como parte de um objetivo maior, sempre voltado para o respeito às diferenças, o compromisso em combater a discriminação lingüística. Para isso, precisa compreender que não existe uma única forma “certa” de falar e que a questão não `e falar certo ou falar errado, mas falar de modo adequado nas diferentes situações comunicativas, de acordo com os assuntos tratados com os interlocutores a quem se dirige e com os objetivos a que se propõe.
Alem de reconhecer e considerar os conhecimentos que o aluno possui sobre a língua, e apartir daí oferecer a ele, oportunidades para que se utilize das formas prestigiadas da lingua, nas situações de comunicação de forma oral, formal e publica, como em entrevistas, debates, dramatizações, etc. Levando-o com isso, a construir um repertorio de recurso lingüístico que lhe permita aprimorar o controle sobre a própria produção oral e escrita e conseqüentemente ampliar sua competência discursiva e perceber que há uma variante ou dialeto de prestigio, que todos têm que aprender, pois é através desta que se tem acesso a bens culturais mais valorizados.
Com esse enfoque, o trabalho com a língua deve abandonar a oposição entre certo e errado e buscar outro paradigma, o de adequado e inadequado, já que determinado uso da língua pode ser inadequado numa situação e adequado em outra.

O ensino da língua leva ao resgate da função social do conhecimento, tornando – o significativo para os alunos que passam a compreender o mundo e a transformá-lo.
(SILVA, p. 31)
















0 comentários:

Postar um comentário